O dia era 3 de janeiro de 1959. O primeiro Volkswagen Sedan deixava a linha de produção da Anchieta para conquistar o Brasil. Naquele dia, o Fusca – nome que o modelo adotaria oficialmente anos depois – inaugurava uma nova era da produção em massa na indústria automotiva brasileira.
Os primeiros Volkswagen Sedan, fabricados na Alemanha, chegaram ao Brasil em 1950 trazendo um detalhe muito peculiar: o vidro traseiro era dividido em duas partes, derivado dos modelos de teste do projeto original. Esse vidro ganhou o apelido no mundo de “split window”. Em 1953, a Volkswagen iniciou suas operações de montagem e junto vinha o novo vidro traseiro, agora em formato oval e inteiriço, não mais dividido.
Pequeno, com motor traseiro refrigerado a ar e um design totalmente diferente do tradicional à época, quando as ruas eram dominadas por grandes sedãs, o carro chamava a atenção por onde passava. Sua capacidade de transportar até cinco pessoas, baixo consumo de combustível e resistência mecânica logo começaram a conquistar consumidores.
O modelo da Volkswagen começou a ser montado no país, com componentes importados, já em 1953, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Mas somente após o início de produção na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, em 1959, o Fusca realmente ganharia escala para dominar o mercado nas décadas seguintes.
O primeiro comprador do Fusca produzido no Brasil foi o empresário paulistano Eduardo Andrea Matarazzo, filho do conde Francisco Matarazzo Júnior e um grande admirador de automóveis e aviões. Na época, o Fusca foi vendido por Cr$ 471.200 em uma concessionária na avenida Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. O modelo tinha motor traseiro boxer (cilindros contrapostos) de 1.192 cm3, potência de 36 cv, câmbio de quatro marchas e velocidade máxima de 110 km/h.
O aumento no volume de produção em 1959 manteve o preço do Fusca em Cr$ 496.000 durante quase todo aquele ano. Para a época, era um valor bastante competitivo, especialmente em relação aos grandes sedãs importados da concorrência.
O Fusca 1959 trouxe seis principais aperfeiçoamentos: barra estabilizadora no eixo dianteiro, para maior segurança e estabilidade; cubo do volante abaixado, para aumentar o conforto e a segurança; trincos nas portas acionados por botões de pressão; barra de torção traseira mais elástica e eficiente, para-sol estofado com espuma de borracha; e descanso inclinado para os pés do passageiro. Para um carro “popular” do fim dos anos 50, era um belo avanço.
O sucesso do Fusca foi tamanho que o modelo ganhou nomes diferentes em mais de 40 países, quase sempre relacionados ao formato de “besouro” ou “corcunda”, além do som característico do motor traseiro boxer. Entre eles, os mais conhecidos são Beetle (Inglaterra e Estados Unidos), Käfer (Alemanha), Maggiolino (Itália), Vocho (México), Coccinelle (França), Escarabajo (Espanha) e Bug (Estados Unidos).