Nas grandes crises da História, o surgimento de homens agradáveis a Deus – Moisés (II)

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Texto de André Frossard:

“O destino de Israel flutuava sobre as águas, protegido da corrente por um fraco leque de caniços. À pequena distância, a irmã da criança espreitava. E a própria mãe um pouco mais longe, temerosa de denunciar seu filho com sua presença, mas incapaz de se resignar a perdê-lo de vista, esperava um milagre.

“Foi então que apareceu a filha do Faraó, que viera banhar-se, seguida de suas servas. Tendo se aproximado do rio, ela percebeu a caixa entre os juncos. Fê-la daí ser retirada, ergueu vivamente a leve cobertura do junco e descobriu, sobre um leito de folhas, um bebe que chorava.

“Enquanto as servas agitadas se entregavam a falatórios inúteis, a jovem oculta vendo a princesa comovida, encorajou-se para falar. E se ofereceu com empenho admirável a procurar uma nutriz, que logo foi encontrada: a mãe, ainda muito pálida, e que foi imediatamente contratada”.

“Desde logo, a filha do Faraó tratou o menino como seu filho e lhe deu o nome de Moisés, “porque o tirei das águas”, dizia ela. O nome de Moisés é, com efeito, composto de “moi”, que significa água e do final “eses”, salvo.

“A crítica moderna, que se sentiria menos moderna se não contradissesse sempre os antigos, preferiu que o nome seja de origem egípcia: “mosu”, que quer dizer rapaz. Mas a tradição é tenaz. A Bíblia é precisa, e é necessário ter excesso de conhecimento etimológico para ignorar que o primeiro cuidado das meninas é de batizar suas bonecas antes de escolher o nome de seus filhos. E que nenhuma mulher jamais se contentou de designar um filho somente pelo sexo”.

“Assim, o nome de Moisés persiste, evocando o salvamento do fundador do judaísmo. Aliás, como o próprio fundador do judaísmo acreditava, não tendo lido os autores modernos”.