DESCOLADOS, MODERNOS E DESCONSTRUÍDOS: essa é a receita para aqueles señoritos satisfechos que, por convenção, optamos por chamar de artistas e que todo fim de ano se juntam num célebre momento de alegria e hipocrisia, vestidos de branco e cantando uma versão tupiniquim de “Imagine”, na esperança de mudarem o mundo com cantigas e sorrisos forçados para as câmeras.
Os artistas de hoje, que mais parecem com os personagens de romances russos do século XIX, não vão além de filhos dos cantores de gerações passadas, mas mais modernos – não melhores –, que agora, em vez de arte, choram pelo voto dos pais nas redes sociais e em reality shows pelo país afora.
Um tipo avoado, disperso, e despreocupado em relação àquelas coisas chatas da vida das quais ocupam-se as pessoas comuns, como pagar boletos e lavar a louça; quando bem-sucedidos, costumam terceirizar essas decisões a assistentes, que são como babás para adultos sem-vergonha. Mas quando não tão bem-sucedidos (o que é a maioria das vezes), vive a deus-dará, na esperança de ser reconhecido ou, digamos, auxiliado por alguma lei ou política pública de incentivo.
O Rasta News de hoje tratará desse tipo pitoresco e cheio de opiniões, que, ao ver qualquer notícia clickbait na internet, pega pilha e sai dando pitacos sobre coisas que não entendem, na esperança de ganhar mais joinhas e afagos daqueles que consideram de uma casta um pouquinho abaixo da sociedade, ou, como gostam de chamar, o homem comum.
