PODER360 22.jul.2024 (segunda-feira) – 17h10
Nas semanas que antecederam sua desistência da corrida pela Casa Branca, os deslizes do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (democrata), tornaram-se cada vez mais frequentes.
Diversos vídeos registraram situações constrangedoras em que Biden tropeçava, demonstrava fragilidade ou apresentava lapsos de memória. Mas, até um mês atrás, qualquer menção a possíveis problemas de saúde de Biden passava por ferramentas de checagem de fatos pela imprensa norte-americana –e quase sempre a maioria dos deslizes do democrata era considerada algo exagerado por políticos adversários. A mídia dos EUA em geral desprezou muitos sinais do que depois ficou incontornável e muito visível no debate de 27 de junho de 2024.
Aos 81 anos, Biden é o presidente mais velho a ocupar a Casa Branca. Sua idade avançada criou preocupações entre seus apoiadores, que questionavam sua capacidade cognitiva e mental para um 2º mandato.
Só que até o desempenho fraco contra Donald Trump (republicano) no 1º debate presidencial, as notícias sobre a saúde e a capacidade cognitiva de Biden eram tratadas de maneira periférica pela mídia norte-americana. A imprensa frequentemente assinalava como falsos os vídeos que mostravam o presidente confuso –ainda que as imagens fossem verdadeiras e sem montagens.
Exemplo: um vídeo em que Biden fica perdido e é resgatado por Giorgia Meloni, premiê da Itália, é verdadeiro. Mas os veículos norte-americanos falaram em manipulação. Não houve manipulação. O presidente dos EUA realmente parecia ter tido lapso no momento em que deveria se posicionar para foto oficial numa reunião com líderes no G7.
Alguns veículos jornalísticos, como o Poder360, há muitos meses vinham registrando, de maneira objetiva e sem viés nem preconceito, lapsos de Biden. Relembre as principais gafes cometidas pelo democrata desde que assumiu a Casa Branca:
Em 21 de junho, um texto publicado pelo New York Times (“Como vídeos enganosos estão perseguindo Biden enquanto ele luta contra dúvidas sobre a idade”) afirmou existir uma “versão distorcida” on-line de Biden. Isso, segundo o veículo, foi resultado de vídeos “muitas vezes enganosos que alimentam e reforçam as preocupações de longa data dos eleitores” sobre sua idade. Só que essa afirmação do diário de Nova York escondia uma verdade que já era possível verificar apenas analisando com algum cuidado as aparições públicas do presidente.
Na imagem, a reportagem do “New York Times”: “Como vídeos enganosos estão perseguindo Biden enquanto ele luta contra dúvidas sobre a idade”
“Nas últimas duas semanas, veículos de notícias conservadores, o Comitê Nacional Republicano e a equipe de Trump circularam vídeos de Biden que careciam de contexto importante e distorcia momentos mundanos para retratá-lo de uma forma nada lisonjeira”, lia-se na reportagem do New York Times. Era como se tudo fosse invenção do Partido Republicano. Hoje, sabe-se que não foi isso o que aconteceu.
Em outra reportagem, publicada pelo Washington Post em 15 de junho de 2024, o jornal atribuiu “4 Pinóquios” –uma escala criada para medir a suposta manipulação de vídeos– a gravações que mostravam Biden com problemas cognitivos.
O Washington Post descartou esses vídeos como falsificações, mas os classificou como esforços “perniciosos” para reforçar um estereótipo existente sobre a idade avançada do presidente.
O veículo com sede em Washington e de propriedade do magnata Jeff Bezos (dono da Amazon) também citou como exemplo o vídeo de Biden conversando com paraquedistas na cúpula do G7 para afirmar que os comentários negativos sobre o registro foram resultados de um “recorte malicioso” feito por republicanos para reforçar a narrativa de que Biden é incapaz.
“Um ataque particularmente eficaz a um candidato político pode vir na forma de um trecho de vídeo que parece reforçar um estereótipo existente. A página do Comitê Nacional Republicano, nas redes sociais, regularmente produz clipes enganosos do presidente Biden, de 81 anos, com a intenção de mostrar que ele é velho demais para o cargo”, lia-se na reportagem.
Na imagem, a reportagem do “Washington Post”: “Vídeos ‘falsos e baratos’ de Biden encantam a mídia de direita, mas enganam profundamente”
A ABC News adotou uma abordagem semelhante. Em um texto publicado em 14 de junho, o jornal afirmou que a campanha de Donald Trump estava tentando retratar Biden como mentalmente incompetente, distorcendo momentos do presidente. Mais uma vez, de forma equivocada, o vídeo de Biden na cúpula do G7 foi citado como “fake news”.
A partir de então, os republicanos têm usado registros de momentos constrangedores do presidente para argumentar que ele não está apto para permanecer na Casa Branca, o que se intensificou depois de seu mau desempenho no debate contra Trump.
Durante o embate, Biden teve dificuldades para completar raciocínios, gaguejou e pareceu se perder em diversos momentos.
(Poder 360)