💣 Novas mensagens reveladas por Eduardo Tagliaferro indicam que o gabinete do ministro Alexandre de Moraes orientou o ex-assessor do TSE a atuar como perito do Supremo Tribunal Federal (STF), cargo para o qual ele nunca foi formalmente nomeado.
Em um dos diálogos, atribuídos à chefe de gabinete de Moraes, Cristina Yukiko Kusahara Gomes, a servidora orienta Tagliaferro a “separar bem as demandas” e a assinar relatórios conforme o tribunal de destino: quando enviados ao TSE, deveriam sair pela assessoria de combate à desinformação; quando destinados ao STF, deveriam ser identificados como provenientes do gabinete de Moraes e assinados por ele como perito.
Segundo Tagliaferro, a orientação configurava uma atribuição fora de sua competência, já que nunca exerceu função no STF. As mensagens se somam a outros vazamentos, conhecidos como “Vaza-Toga” e “Vaza-Toga 2”, que mostram bastidores de decisões e conversas internas nos gabinetes do Supremo e do TSE.
Na sexta-feira (22), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Tagliaferro por quatro crimes: violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. Ele havia sido indiciado em abril pela Polícia Federal, após mensagens de seu celular indicarem que havia vazado diálogos do período em que atuou no gabinete do TSE.
Tagliaferro ganhou notoriedade no meio bolsonarista por revelar mensagens internas ligadas a Moraes, mostrando bastidores do STF e do TSE, incluindo ordens para atuar como “perito” sem nomeação formal. Segundo a PGR, ele “revelou informações confidenciais obtidas em razão do cargo, com o fim de obstruir investigações e favorecer interesse próprio e alheio”.
Atualmente, Tagliaferro reside na Itália e prepara uma denúncia ao Parlamento Europeu contra Moraes, ação que a Procuradoria interpreta como tentativa de “incitar novos atos antidemocráticos e disseminar notícias falsas contra a Suprema Corte”.
O gabinete de Moraes afirmou que todos os procedimentos relatados eram “oficiais, regulares e devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da PGR”.
O STF ainda não se manifestou sobre o caso.
